sábado, 29 de agosto de 2009

O prazer do silêncio

Estive pensando sobre esse incomodo que geralmente assoma as pessoas quando se deparam com o silêncio. Embora seja comum a insegurança ao falar, ter de expressar-se, o silêncio é constrangedor, inquietante, cruel e meio, eu diria, tirano. É como se um abismo se abrisse diante de rostos confusos e bocas mudas que buscam palavras para exteriorizar algo que nem mesmo sabem o que é, ou se existe, mas buscam mesmo assim... necessitam falar, evitar que o silêncio se instaure e tome conta de tudo.Para que? O silêncio é mesmo tão ruim assim? Será que precisamos mesmo colocar palavras entre nós e os outros?
Existem pessoas com as quais passamos horas e parece que sempre vai haver assunto. Outras que, independente do tempo que passamos juntas, tanto o diálogo quanto a ausência dele não deixam vazio, como se a comunicação se desse de alma para alma.
Há também aqueles casos em que, na verdade, desejamos o silêncio, mais que isso, não queremos nem ouvir as primeiras palavras...

Ah, dê-me o direito de calar, por favor!

Não necessariamente temos de estar falando o tempo todo para estar presente. Talvez seja o receio de ser visto como alguém "vazio" só por não estar falando. Alguém "não tão interesante"... Muitas vezes no silêncio interagimos tanto ou mais do que quando enroscados em palavras de todo tipo. Precisamos de um instante com nós mesmos. Por que não?

Na verdade, será que não seria o fato de o silêncio dar espaço para ouvir outras vozes, aquelas que estão lá no fundo e que fugimos para não escutar?... Será que nos sentimos à vontade quando estamos mergulhados no nosso interior?
Eu não quero mais essa sensação que acompanha o silêncio. Me dei o direito de estar e sentir o momento comigo, mesmo que não esteja só. Não me sinto mais obrigada a sustentar um diálogo como quem mantém ligados aparelhos de quem já deixou sua alma partir...
Parei! Só falo quando flui... e quando flui é natural... e natural é verdadeiro!

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